sábado, 29 de novembro de 2008

Milagre ou caso a averiguar ...

Na passada sexta-feira o futebol português foi palco de um milagre ou de um caso de investigação.
O Futebol Clube Estrela de Amadora tem vindo a passar por enormes dificuldades, contra as quais o seu actual Presidente (António Oliveira) tem, estoicamente, lutado, tentando atingir o saneamento financeiro do clube (já que o recebeu em muitos maus lençóis - já ouvimos isto em qualquer lado). Homens como este fazem falta ao futebol português, porque, acima de tudo, acreditam nas instituições e tudo fazem para que as mesmas não acabem.
Contudo a solução que foi encontrada para resolver (adiar?) o problema da anunciada greve, tem contornos de milagre ou de caso de investigação.
Senão vejámos:
  1. Segundo o jornal Expresso o Estrela da Amadora pagou dois meses de salários em notas;
  2. No total terão sido pagos € 200.000,00;

Acontece que o Estrela da Amadora tem ao seu serviço 29 jogadores e 4 técnicos (ver página da internet da LPFP). Ao todo 33 profissionais no departamento de futebol profissional.

O Sindicato de jogadores terá disponibilizado o Fundo de Garantia Salarial para pagamento dos dois salários em atraso: no máximo de € 1.000,00/mês por cada jogador (disponibilidade só para cinco meses - ver página da internet do Sindicato dos Jogadores). Total que poderá ter disponibilizado € 58.000,00.

Certo é que terão sido pagos dois meses de salários, com os € 200.000,00 em notas. O que significa que por mês os salários rondarão os € 100.000,00. Se só pagaram aos jogadores (exluindo-se os técnicos), significa que em média os jogadores do Estrela da Amadora recebem, cada um, a quantia de € 3.448,275. Se tivermos em conta que os impostos (IRS e Seg. Social) atingem cerca de 35% do salário, temos que o salário líquido médio dos jogadores do Estrela da Amadora pouco mais é do que € 2.000,00/mês (há sempre a possibilidade de não terem pago os impostos - o que não acreditamos que tenha acontecido, pois o Sindicato dos Jogadores não patrocinaria nem seria conivente com tal ilegalidade).

Perante estes factos, das duas uma, ou o Estrela da Amadora tem um orçamento abaixo da maioria dos clubes que disputam a Liga Vitalis (e estamos perante um milagre - atente-se o nível dos seus jogadores) ou algo está errado (e estamos perante um caso que merece uma análise profunda).

Para o bem do futebol nacional é bom que se esclareça o que se passou e passa. Porque o que está em causa não é só o bom nome do Clube Futebol Estrela da Amadora, mas também a credibilidade da competição.

A Direcção do Rio Ave tem a obrigação de indagar, em sede própria (LPFP), os contornos da solução encontrada e, caso hajam violações aos regulamentos, reagir energicamente. E o momento de o fazer é o imediato e não esperar pelo fim do campeonato e reagir apenas se não atingirmos desportivamente os nossos objectivos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por aquilo que se leu na imprensa desportiva, o RA votou a favor da participação da Liga no fundo do sindicato. Gostava de deixar expresso o meu sentimento relativamente a este assunto.
1º - um fundo de garantia salarial, tal como o título indica, não é um salário; quando muito, pode ser um meio de subsistência precário, por isso, considerar desportivamente esta utilização como uma solução, não me parece minimamente aceitável! Assim sendo, antes de pensar na utilização deste tipo de meios de subsistência, seria muito mais útil, em sede de reunião de direcção da liga discutir a sanção a aplicar aos não pagadores;
2º - até entendo a posição do RA na reunião da direcção, mas outra coisa não se espera do que um rotundo VOTO CONTRA na próxima assembleia;
3º - como se tratam de dirigentes com grande experiência na a´rea da gestão, não me passa pela cabeça que uma medida destas (também ela um acto de gestão) não seja repudiada pelos nossos representantes. Espero não me enganar e confirmar o que penso sobre eles.